Uma Boa Relfexão


Os Bichos e os Homens

É mais que evidente que os bichos aprendem. Aprendem pelo instinto e, portanto, de dentro para fora, valendo dos recursos da modelagem de seus genes pela hereditariedade, mas os bichos também aprendem de fora para dentro, convivendo com os outros de sua espécie, observando e copiando conduta de iguais, experimentando e repetindo, ou ainda, deixando-se domesticar pelos homens e, descobrindo que quando agradam aos donos, podem destes receber alimento e afago.

Em parte a educação de seres humanos também é assim.

Toda criança traz na constelação de seus genes, uma série imensa de coisas que apreendem. Aprendem, por exemplo, a falar e por isso mesmo que se crescem em meio a macacos ou lobos adquirem sons de suas linguagens, diferentemente de hábitos do instinto, como por exemplo, mamar, que desenvolvem sugando o seio oferecido, seja este humano ou não. Nesse singelo exemplo percebe-se que tal como os bichos, os humanos trazem reações instintivas que não dependem da aprendizagem, mas trazem também potenciaisque se desenvolverão mais ou menos, desta ou daquela maneira, de acordo com a aprendizagem recebida.

Mas a educação dos seres humanos ainda que guardando semelhanças iniciais, caminha muito além da aprendizagem animal. Nossa educação não continua apenas o trabalho da vida, busca instalar domínios de trocas e ensina a compreender e cambiar símbolos, intenções, valores, padrões de cultura, relações de poder. Para a aprendizagem animal basta ser um membro integrado a sua espécie, para a aprendizagem humana a igualdade ao predecessor é pouco e não há mãe ou pai, mestre ou professor que não sonhe seres melhores, humanidade mais justa, que não empregue esforço consciente da vontade e do conhecimento, para a consecução de um fim sempre acima do estágio conquistado no momento.

Considerando que existe uma certa unanimidade na busca destes fins, é extremamente discutível ponderar-se que a educação resulta em imenso fracasso.

Se assim não fosse deveríamos esperar que hoje fosse bem melhor que ontem e que, naturalmente, o amanhã seria ainda superior. É isso que ocorre? Não vivemos, por exemplo, lamentando a juventude de agora? A perda da paz e da serenidade das comunidades solidárias de ontem? Não existe em todos os povos uma certa nostalgia por um ontem de valores que depressa se perdeu? Serão esses lamentos injustificáveis? Deveremos acreditar ou não que a educação tem cumprido seu papel de melhorar o homem e que resmungos sobre um passado melhor constitui apenas saudosismo inútil, sentimento de saudade por tempos em que se foi mais jovem?

Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Que os tempos de agora tem coisas melhores que os de ontem é fato incontestável. Além dosavanços da tecnologia que nos garante conforto maior e sonhos mais ousados, existe um progresso médico que se não nos libertou de incômodos passados, reduzi-os drasticamente. Além disso, salvo exceções, conseguimos exorcizar a escravidão e ainda que não encontrando a paz sonhada, abominar a guerra e repudiar a violência. Não parece ser exercício difícil perceber que a educação trouxe algum progresso, mas que em sua esteira implantou algumas doenças. Serão essas doenças extirpáveis? Não existirá possibilidade de “atirarmos fora a água do banho sem jogar junto a criança que se banhou?” Será enfim, possível, pensar que a educação pode, ao mesmo tempo, preservar os avanços sem se contaminar por suas conseqüências? Se essa perspectiva é possível, como fazê-la? Será que essa resposta não pode estar em nossa escola, neste ano letivo que planejamos?

Façamos uma experiência. Reunamos os professores de uma escola para discutir esses temas e, sem rótulos que diferenciem o mais velho do mais novo, o “titular” do “suplente”, o “professor de disciplinas importantes” e os outros, busquemos alternativas, apresentemos propostas.

Será que a reunião terminará como começou? Será que não daremos um passo à frente?

Acredito sinceramente na Segunda alternativa. Não creio em “receitas admiráveis” que, importadas de outros espaços ajustem-se aos nossos. Creio com firmeza e plena convicção que cabeças unidas refletindo problemas e sugerindo buscas possam caminhar à frente e se não chegarem ao ideal, por certo estarão muito além dos que jamais pensaram, dos que abominam a troca de idéias e a certeza de que se acreditarmos que somos capazes, efetivamente seremos. Há muitos anos Henry Ford já anunciava: se vocês acham que podem ou que não podem, parabéns. De qualquer forma estão certos.

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segunda-feira, 28 de março de 2011

Confira as dez principais descobertas dos especialistas sobre quando e como os pais podem ajudar a despertar nos filhos a curiosidade intelectual

Leia abaixo:

Ter livros em casa

E, no caso de filhos pequenos, ler para eles. O hábito, cultivado desde cedo, faz aumentar o vocabulário de forma espantosa. Segundo estudo do americano James Heckman, prêmio Nobel de economia, uma criança de 8 anos que recebeu esse tipo de estímulo a partir dos 3 domina cerca de 12 000 palavras - o triplo de um aluno sem o mesmo empurrão. A diferença se faz sentir na assimilação de conhecimento em todas as áreas. Ao analisar o fato de a Finlândia aparecer sempre na primeira posição nos rankings de educação, um estudo da OCDE confirma: o incentivo precoce à leitura em casa tem um papel decisivo.

Reservar um lugar tranquilo para os estudos

A ideia é cuidar para que o ambiente ofereça o mínimo necessário: mesa, cadeira, boa iluminação e distância da televisão. Já na pré-escola, os pais podem definir o local e incentivar seu uso diário. Os benefícios, já quantificados, são os esperados: concentrado, o aluno aprende mais e erra menos.

Zelar pelo cumprimento da lição

Ainda que a criança seja pequena e a tarefa, bem fácil, é importante mostrar a relevância dela com gestos simples, como pedir para olhar o dever pronto ao chegar em casa. Até cerca de 10 anos, monitorar diariamente a execução da lição não é excessivo. Ao contrário. Esse é o momento de começar a sedimentar uma rotina de estudos, com horário e local, mesmo que seja mais uma brincadeira. Um relatório da OCDE não deixa dúvidas quanto às vantagens. Os melhores alunos no mundo todo levam a sério o dever de casa.

Orientar, mas jamais dar a resposta certa

Solucionar o problema é uma tentação frequente dos pais quando são acionados a ajudar na tarefa de casa. Não funciona. O que dá certo, isso sim, é recomendar uma leitura mais atenta do enunciado, tentar provocar uma nova reflexão sobre o assunto e, no caso de filhos mais velhos, sugerir uma boa fonte de pesquisas. Se o erro persistir, deixe-o lá. Já se sabe que a correção do professor é decisiva para a fixação da resposta certa.

Preservar o tempo livre

Muitos pais, ávidos por proporcionar o maior número de oportunidades aos filhos, lotam sua agenda de atividades fora da escola. O resultado é que sobra pouco tempo para brincar, esse também um momento sabidamente precioso para o aprendizado. Na escola, por sua vez, crianças com rotinas atribuladas demais costumam demonstrar cansaço, o que frequentemente compromete o próprio rendimento.

Comparecer à reunião de pais

Mesmo que seja muitas vezes enfadonha, ela proporciona no mínimo uma chance de sentir o ambiente na escola, saber da experiência dos demais alunos e tomar contato com a visão de outros pais. A ida a esses encontros tem ainda um efeito colateral menos visível, mas já bastante estudado: a presença dos pais é uma demonstração de interesse que contribui para o envolvimento dos filhos com a escola.

Conversar sobre a escola

A manifestação de interesse, por si só, é um indicativo do valor dado à educação pela família. Os efeitos são ainda maiores quando o estudo é tratado como algo agradável e aplicável à vida prática, e não um fardo. Uma recente compilação de estudos, consolidada por um centro de pesquisas do governo americano, mostra que um pai que consegue produzir esse tipo de ambiente em casa aumenta em até 40% as chances de o filho se tornar um bom aluno.

Monitorar o boletim

No caso de um resultado ruim, o melhor a fazer é definir um plano para melhorar o desempenho - mas não sem antes consultar a escola e avisar o filho de que está fazendo isso. O objetivo aí é estabelecer, junto com o colégio, uma estratégia para reverter a situação e saber qual será, exatamente, sua participação. Está mais do que provado que castigo, nesse caso, não funciona. Só diminui o grau de autoconfiança, já baixa, e agrava o desinteresse pelos estudos.

Procurar o colégio no começo do ano

É a ocasião em que cabe perguntar, pelo menos em linhas gerais, o que a escola pretende ensinar em cada matéria. Trata-se do mínimo para poder acompanhar tais metas e, se preciso, cobrar sua execução.

Não fazer pressão na hora do vestibular

O excesso de pressão por parte da família só atrapalha no momento mais tenso na vida de um estudante. À mesa do jantar, os pais darão uma boa contribuição ao evitar falar apenas disso. Mas podem ajudar mais, principalmente zelando para que o ambiente de casa na hora do estudo não fique barulhento demais e para que o filho não se comprometa com muitas atividades. O lazer, no entanto, não deve ser suprimido. É o que dizem os especialistas e os próprios campeões no vestibular: em 2008, os mais bem colocados em dez áreas mantiveram uma pesada rotina de estudos, mas, pelo menos no fim de semana, preservaram algum tempo livre.

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